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terça-feira, 10 de janeiro de 2023

Por onde andaram minhas artesanias naqueles anos de pandemia

 Eu já havia pausado o blog quando vieram aqueles terríveis anos. Sei de muita gente que voltou à "blogosfera" na pandemia, mas eu estava dando aula on-line, com o Benjamin aos 10 anos trancado num apartamento do centro, toda nossa vida acontecendo nas telas. Não dei conta, não iria aguentar...e as artesanias refletiram muito aqueles dias.

Claro que a primeira coisa que aprendi a fazer foi máscara... aff, no começo eu tava achando motivador e bonito ajudar amigas e suas famílias quando não havia máscaras para vender porque ia tudo para os profissionais de saúde. Eu caprichei nos tecidos, aprendi várias modelagens, esterilizava, colocava num saquinho... até manualzinho de instruções eu mandava junto. 

Quem do artesanato não fez máscaras na esperança de ajudar e de se ajudar?


Lembro de passar o feriado da Semana Santa de 2020 enfiada no ateliê, entre máscaras, me protegendo do medo do incerto na minha máquina de costura. 


Como tudo que no começo ia bem durante o lockdown ( o pão caseiro, a yoga, aplaudir da janela, etc...) chegou um momento em que eu não suportava mais nem ver máscara de tecido. Ranço traduz. Mas eu tinha um projeto em andamento: meu bordado de reunião on-line. 

Gatos, réstias de sol e reuniões online: outros clássicos da pandemia.

Foi tanta, mas tanta reunião que nos primeiros meses de 2020 eu decidi a cada uma delas trabalhar no bordado de  umas folhas para fazer um bastidor para minha porta com tema outonal. Foi um projeto salvador de sanidade, e por isso eu amo esse trabalho.


Só que enquanto esse bastidor ia se construindo veio se juntar ao caos uma ironia: eu entrei na menopausa,  e não sei se foi isso, não sei se foi tudo, comecei a desenvolver uma dor medonha nos dedos da mão. Eu mal conseguia fechar um botão quem dirá segurar uma agulha, meus dedos ficaram rígidos e meu polegar direito "engatilhou" e perdi boa parte do movimento dessa mão. Eu fiquei profundamente triste, parecia cruel  eu não conseguir mais fazer nada manual, pois eu sabia que era isso que me mantinha minimamente equilibrada naquela tormenta.

 Para minha felicidade eu tenho uma rede de gente muito, muito inteligente ao meu redor, e junto ao tratamento médico, alopático primeiro e homeopático depois, eu iniciei, em fevereiro de 2021 um curso de feltragem molhada por conselho da sábia Nina Veiga, que me disse que talvez a água morna, o sabão de alecrim, a lanolina e os poderes da lã e dos fazeres manuais pudessem me ajudar a me recuperar. Foi possivelmente o momento em que eu percebi mais claramente toda a tal potência das manualidades na minha vida. Foi lindo, foi um alívio!


O dedo ainda com tala, mas já iniciando o processo de cura ao molhar a lã.

 O curso foi ofertado pela Paula, do Instituto Urdume. Eu comprei meu material nessa maravilhosa Santa Meada e foi a terapia de que eu precisava. É um processo zen, delicado, cheio de etapas reconfortantes e criativamente desafiadoras

Só olhar as lãs já é uma experiência.

O curso e a foto da tela do zoom... quem não tem uma pelo menos?

Minha cúpula agora é feltrada!

Olha que efeito lindo.

Agora, minhas mãos estão muito melhores, mas não abandonei mais as lãs. Não faço tanto quanto gostaria porque a feltragem molhada é um rolezão para organizar ( não é o fim do mundo não, mas precisa de um pouco de espaço na mesa e tempo), mas aprendi a amar esse material ainda mais. Estou aprendendo a feltrar com agulhas, meu primeiro projeto está em andameneto, mas é história para um próximo post. Feliz por poder estar aqui contando essa vivência. Feliz por você estar aqui para me ler. E às que não estão ... nosso amor. 

domingo, 8 de janeiro de 2023

Reatando um fio rompido


 "Nada mais comovente que reatar um fio rompido, completar um projeto truncado, reaver uma identidade perdida,  resistir ao terror e lhe sobreviver." Roberto Schwartz, o Fio da Meada


Essa citação sempre me deixa com vontade de chorar, e nos últimos dias ando assim: saudosa de minhas identidades perdidas. 

Comecei este blog sendo mãe de duas adolescentes e um recém-nascido, com a intenção de compartilhar a vida e as aprendizagens artesanais que começavam a fazer parte de mim naqueles anos de 2010. Depois foi tanta coisa... o doutorado, as Bonequeiras sem Fronteiras, o concurso público, a política no Brasil, as novas mídias sociais. E pouco a pouco fui abrindo mão de algumas coisas para dar conta de outras. 

"A cada escolha uma renúncia", dizem e é real. Hoje eu sou mãe de duas adultas e um adolescente de 13 anos, sou professora na UFPR e o artesanato segue sendo meu maior espaço criativo, afetivo, pessoal, - talvez por isso eu o tenha deixado de lado, como deixei tantas coisas que gosto, como escrever sobre a vida.

Então este ano de 2023 começou, e eu senti toda pulsão de retomar um fio rompido bem dentro de mim, e entre outras coisas voltei a ler os blogs antigos e queridos. Nesse mergulho em tempos bons,  me lembrei do "manifesto de ano novo" escrito no começo de 2011 no blog da Holly. Motivada por isso escrevi meu próprio manifesto: 



Nele, não previ retomar o blog, mas hoje me pareceu uma ideia tão boa...ia amadurecer isso um pouco, mas minha amiga Priscila me incentivou a retomarmos hoje mesmo, no susto, nossos blogs interrompidos, e aqui está esta primeira e desajeitada postagem. Não prometo grandes coisas, mas estou me sentindo muito feliz pela chance que me dou de voltar a partilhar num ritmo mais lento meus pensamentos, minhas aprendizagens, as ideias e artefatos que vou urdindo. A quem me lê, obrigada, apareça por aqui, vamos na contramão da correria reaver identidades perdidas.


* As ilustrações são da portuguesa Ana Oliveira, criadas para meu blog em 2010, naquele tempo em que a gente fazia troquinhas, lembram? Mandei coisas artesanais para ela em troca das artes. 


domingo, 14 de agosto de 2011

Dia dos pais feito a mão: para um cavalo marinho


Meu marido é um pai cavalo marinho.. Ele tem aquele cuidado, aquele zelo e todo o conhecimento da rotina, dos gostos e das necessidades dos filhos . Foi pensando nisso que pedi para a Tatiana de Moraes, que é mãe de uma meninha adorável da turma do Benjamin, fazer uma caixa com um cavalo marinho adulto e um filhote como presente de dia dos pais. Completei o presente com uma recente biografia do Fernando Pessoa (poeta responsável pelo nosso início de namoro já que nos conhecemos romanticamente em uma biblioteca, ele com uma pilha de livros do Pessoa nas mãos!) e com um marca páginas bordado em ponto cruz que resgatei em meio a um monte de bordados que uma vizinha de minha mãe deixou inacabados. Concluí o cavalo marinho e as algas, coloquei uma entretela e costurei em um tecido bonito. Benjamin ficou contente que só em oferecer os presentes e explicou direitinho quem era o papai e quem era o neném na tampa da caixa. Eu enquanto isso? Só olhando a cena com água nos olhos...

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Presente feito a mão: Cavalinho


Meu desafio era fazer um cavalinho de pano...depois de buscar muito pela net encontrei o cavalo mais lindo do mundo bem pertinho: no flickr da Ana Paula Cavalari, que arrasa quando o assunto é boneco de pano. Inspirada em seu POCOTINHO, fiz o meu cavalo, um tanto mais circense mas, basicamente, muito parecido. Posso dizer que ele agradou muitíssimo seu novo dono! Enquanto bordava a crina, voltou do limbo da memória um poeminha da Cecília Meireles que eu gostava de recitar com as crianças quando trabalhava diretamente com os pequenos:
...mas há um pedacinho do campo
onde é sempre feriado.
O cavalo sacode a crina
loura e comprida
e nas verdes ervas atira
sua branca vida...

Ana Paula Cavalari, fica aí um pedacinho do poema em sua homenagem, ok? Obrigada pelas inspirações!

domingo, 13 de março de 2011

Por que "A casca da Cigarra"? - Senta que lá vem história...



A cena é uma das primeiras de que me lembro, vem lá de algum ano na década de setenta: o menino de uns sete anos chora enquanto outros três, mais velhos, riem. O choro vem por conta de uma casca de cigarra jogada dentro da blusa do menino menor que esperneia e puxa as roupas apavorado, tentando se livrar do “bicho”. Eu devo ter também seis anos e assisto a certa distância, quando sou chamada pelos meninos maiores que mostram ao pequeno que eu, apesar de ser uma menina, não sou chorona ou medrosa pois uso várias cascas de cigarra presas na blusa, como broches. Entendo que meus “broches” inspiraram a brincadeira de mau gosto e fico com pena do piazinho, mas não falo nada e no fundo me encho de vaidade por ter sido reconhecida no mundo dos meninos.
As cascas de cigarra eram os adereços favoritos que eu e minhas irmãs aprendemos a usar, na falta de broches e presilhas de verdade...assim como aprendemos a abrir as sementes de caqui para nelas encontrarmos colheres e garfinhos que usávamos para brincar de casinha, ou a colar com água as pétalas de gerânio nas pontas dos dedos para fingir unhas longas e vermelhas.
Mais velha descobri na cigarra o símbolo da alegria despreocupada, em contraponto à secura e seriedade da trabalhadora formiga. Simpatizava mais com a formiga e tentei ser uma, até ser dispensada do meu emprego de anos em um formigueiro que já estava pequeno para mim.Então reencontrei minha cigarra, na música que Amália Rodrigues - e depois Adriana partimpim - cantam: "Minuciosa formiga, não tem o que se lhe diga: leva sua palhinha de asinha a asinha. Assim devera eu ser - se não fôra não querer".
Ao criar o blog e batizá-lo de A Casca da Cigarra não pensei exatamente em nada disso, mas no haikai do Bashô que conta da cigarra que se entrega por completo a fazer o que gosta, até se esgotar, sem medo nem economia. Pensei que o blog não revelaria tudo que sou, só a parte mais externa, as pequenas invenções que faço para enfeitar a vida. Pensei também que a casca da cigarra é símbolo de um ser que tenta se expandir deixando para trás uma parte importante do que foi – um vestígio, uma casca.
Hoje, tento entender - com o Freud, o Lacan e a Luiza- que sou uma mulher e tenho pele, não casca, que posso me expandir sem arrebentar, que posso me entregar sem me esgotar, que posso ser a “Formigarra” ou a “Cigamiga”, trabalhando e cantando com a mesma entrega.
O blog fez um ano, cem seguidores, muitos amigos e tenho só a agradecer a quem com paciência me escuta a estridência

Imagem: http://discontosdefadas.blogspot.com/2009/05/muitos-anos-depois-eu-percebo.html

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Minha cômoda foi parar no Bananacraft


A seção "Meu Canto" desta semana, no site Banancraft publicou um post sobre a cômoda de meu quarto! Eu havia postado uma foto do móvel no grupo Banancraft do flickr principalmente para mostrar como a almofadinha que ganhei da Helena (Quilts são eternos) ficou fofa. A Dani Sinhorelli curtiu e pediu para eu explicar as coisas que compõe este meu espaço. Vai lá ver!

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Invento em mim o sonhador



Cais

Milton Nascimento


Para quem quer se soltar invento o cais
Invento mais que a solidão me dá
Invento lua nova a clarear
Invento o amor e sei a dor de encontrar
Eu queria ser feliz
Invento o mar
Invento em mim o sonhador
Para quem quer me seguir eu quero mais
Tenho o caminho do que sempre quis
E um saveiro pronto pra partir
Invento o cais
E sei a vez de me lançar

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Presente feito a mão com retalhos: Jogo da Memória




A Sílvia, amiga do coração faz aniversário! Como ela certa vez proclamou em seu blog o gosto por coisas que são GOOD FOR NOTHING, fiz para ela um projeto que estou há tempos querendo experimentar: O Jogo de Memória de retalhos criado pela genial Holly Keller do blog chezbeeperbebe. O tutorial é ótimo e é um trabalho de costura fácil e zen (só costuras retas).
O projeto teve seus percalços:
1º O verso do jogo tem a figura de um elefante que deveria ser impressa em papel especial e depois transferida para o tecido com o ferro de passar. Fácil, não? No entanto foi difícil achar o tal papel. Depois de muito procurar encontrei- o na Kalunga.
2º Empolgadíssima para fazer a estampa não atentei para o aviso no verso do envelope do papel que dizia “configure a impressora para o modo reverso ou espelho”. Resultado: na hora de passar para o tecido a frase ficou espelhada.



3º Fui imprimir de novo e descobri que minha velha Deskjet HP 610 não tem a opção espelho. A solução foi excluir a frase recortando cada elefante e aplicando peça por peça. O que até foi bom - não desperdicei o papel já impresso (que é caro) e pude costurar os quadradinhos sem me preocupar, pois centralizar a figura depois é mais fácil.





Usei uma caixinha de metal que tinha em casa para embalar o jogo. Desenhei na frente um tosco , mas simpático, elefantinho com caneta de retroprojetor. No interior da tampa escrevi a seguinte citação de Santo Agostinho: “Usar algo é empregá-lo com o propósito de obter aquilo que se ama. Gozar algo é ligar-se a ele com amor por causa dele mesmo. As coisas que devem ser gozadas nos tornam felizes...”



E assim é: Fiquei feliz em fazer, ela ficou feliz em ganhar, outros ficarão felizes em jogar. ENJOY!

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Feito a mão: Touca de soft




Como faz frio nessa terra! Nasci aqui e parece que não me acostumei a estes invernos gelados, úmidos e cinzas. O inverno de minhas memórias de infância é claro, seco, ensolarado, como dia de geada - mas o Waly Salomão já dizia : " A memória é uma ilha de edição".
Para suportar este tempinho só se agasalhando bem e por isso fiz esta touquinha de soft para o Benjamin. O projeto foi inspirado de novo na Martha Stewart. Gastei quase cinco reais em tecido e meia hora para fazer. Não passam de dois retângulos. Se eu tivesse uma máquina de overlock o acabamento ficaria melhor, mas a velha Singer Zig-zag deu conta do recado, mesmo sem aquele capricho no avesso. Benjamin parece nem ter reparado neste detalhe e está com a cabeça aquecidinha até que o sol resolva aparecer novamente.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Quem mexeu no meu queijo?


Hoje passando pela prateleira de biscoito no supermercado tive um curto-circuito-estético-emocional: Mudaram a embalagem do meu biscoitinho de queijo Piraquê!
Não sou contra mudanças, pois sei que, como cantava a minha querida Mercedes Sosa "tudo cambia", mas a Piraquê pisou na bola, pois a embalagem nova nem se compara à antiga, que fez parte de minha infância e da infância das minhas filhas.
Chegando em casa procurei uma foto da embalagem antiga na internet (que ilustra este post) e descobri que muita gente, inclusive quem entende de design - o que não é o meu caso- se ressentiu com a mudança. Cheguei ao blog da Daniela Name e lá aprendi um pouco sobre a história desta embalagem dos anos 60 e de sua criadora, a artista Lígia Pape. Assim, o que era só uma chateação com base na memória afetiva virou indignação diante do apagamento de um pedaço de uma história que não é só minha.

Para o alto e avante!!

  No último post eu contei dos dias difíceis, de decepções, contenções, cortes e fim de ciclos confortáveis. Falei também de espera e resili...