quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

Para o alto e avante!!

 No último post eu contei dos dias difíceis, de decepções, contenções, cortes e fim de ciclos confortáveis. Falei também de espera e resiliência. Mesmo nesses dias mais duros meu mote foi o dizer "Pra cima! Pra cima dos problemas,  pois tem saída".

E eu não estava errada. Está se delineando um novo tempo. 

Hoje organizei os velhos uniformes do Benjamin, separei muitos para doar, alguns para tentar vender nos grupos de famílias do Medianeira, foi um pouco melancólico sim...

Mas foi com esperança que  abri espaço no armário para o novo uniforme que vai acompanhar nosso menino nos dias que seguirão:


Longe Lateqve:  "para o alto e avante", "para cima e para frente", "avançando em todas as direções"...essas são possíveis traduções do lema da nova escola do Ben, o histórico e gigante Colégio Estadual do Paraná. 



Bonito e gigante visto lá do alto...


Fachada imponente, não?

Quem diria que um presente intolerável nos levaria a pensar um futuro mais sustentável, mais simples, mais coletivo? O Paulo Freire diria quase que exatamente isso na sua Pedagogia da Esperança:) 
Vamos nos empenhar para que esse capítulo seja de crescimento em todas as direções e que o Benjamin viva muito a nova escola. Façamos um ótimo ano escolar.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

Em busca de uma nova escola

Nestes últimos anos a situação financeira foi ficando mais e mais complicada para muitas famílias, inclusive para a minha. "Ai, mas você é professora da federal, deve ganhar super bem...", essa é uma meia verdade, pois proporcionalmente a muita gente eu ganho bem, mas foram tantas as armadilhas e dificuldades afetando os meus que me vi numa situação super delicada e precisei de um tabefe de realidades na minha cara. Doeu, e muito, mas botei tudo no papel, no Excel e na prática, e os cortes foram feitos como fosse eu a Rainha de Espadas.  


De todos os cortes o mais doloroso foi tirar o Benjamin do Medianeira. Eu tentei antes conversar com a escola, afinal minhas filhas mais velhas foram alunas lá por anos e o Benjamin é um ótimo aluno, com pais presentes e bons pagadores desde o primeiro ano, mas a escola mudou bastante e nem mesmo uma reunião para me ouvir eu consegui com eles. Os telefonemas e e-mails foram respondidos com frieza empresarial e com um sádico "tenha uma ótima semana" ao pé da página depois daquele curto parágrafo que informava que a política da escola era clara e que eu não me enquadrava para qualquer tipo de desconto. Fim de uma história, início de outra...

Festa Junina de 2019. :)

Conversar isso com o Benji foi um dos momento mais difíceis... ele tem 13 anos e um grupo de amigos que é todo da escola, construído desde que tinhas 6 anos. 'Devastador" foi a palavra que ele usou quando perguntei como seria se ele tivesse que sair do colégio. Mas a gente conversou, ele ouviu, viu as planilhas, percebeu que iríamos seguir engessados e nos endividando se não fizéssemos esse esforço em família, e como a pessoa super querida e inteligente que é encarou a mudança com coragem, com minha promessa de que assim que for possível ele retorna para a escola (embora eu esteja com um ranço justificável do colégio que já foi tão bom em outros tempos)



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Agora estamos na fila, tentando vaga na escola pública mais próxima aqui de casa, que é uma escola ótima. Se ali não der seguiremos para outra, um pouco mais distante, até acharmos o espaço onde ele vai iniciar essa temporada de mudanças e crescimento. A nossa promessa foi a de seguir acompanhando, participando, e trabalhando para as coisas melhorarem. "Mar calmo não faz bom marinheiro", dizem por ai. Nosso menino agora sabe que navegar é preciso e viver não é.


sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

Fechando o terceiro semestre...

Um ano tem dois semestres, mas às vezes 3... por isso estou aqui  fazendo planejamento de aula, pois depois de um breve recesso  as aulas na universidade recomeçam segunda, dia 16 de janeiro (vamos finalizar o segundo semestre de 2022 em 25 de fevereiro). Na prática, 2022 foi um ano de 3 semestres letivos na UFPR (o semestre 2 de 2021 e os dois de 2022), e se essa foi uma boa saída pra finalmente retomarmos o calendário direitinho em março próximo, depois da bagunça que virou nossas vidas desde 2020, o preço está sendo aquele cansaço e sensação de confusão temporal  no  estilo "tente saber em que ano estamos". 

Minhas metas: manter a coisa criativa e fechar essa etapa  com leveza. Pra inspirar segue uma mostra de trabalhos da minha maravilhosa turma de Estudos da Infância, a partir do estudo do Estatuto da Criança e do Adolescente. A proposta foi ler previamente os textos de base e em grupos discutir enquanto realizavam interferência sobre fotografia a partir de um recorte escolhido do ECA. Eu achei lindo.



















terça-feira, 10 de janeiro de 2023

Por onde andaram minhas artesanias naqueles anos de pandemia

 Eu já havia pausado o blog quando vieram aqueles terríveis anos. Sei de muita gente que voltou à "blogosfera" na pandemia, mas eu estava dando aula on-line, com o Benjamin aos 10 anos trancado num apartamento do centro, toda nossa vida acontecendo nas telas. Não dei conta, não iria aguentar...e as artesanias refletiram muito aqueles dias.

Claro que a primeira coisa que aprendi a fazer foi máscara... aff, no começo eu tava achando motivador e bonito ajudar amigas e suas famílias quando não havia máscaras para vender porque ia tudo para os profissionais de saúde. Eu caprichei nos tecidos, aprendi várias modelagens, esterilizava, colocava num saquinho... até manualzinho de instruções eu mandava junto. 

Quem do artesanato não fez máscaras na esperança de ajudar e de se ajudar?


Lembro de passar o feriado da Semana Santa de 2020 enfiada no ateliê, entre máscaras, me protegendo do medo do incerto na minha máquina de costura. 


Como tudo que no começo ia bem durante o lockdown ( o pão caseiro, a yoga, aplaudir da janela, etc...) chegou um momento em que eu não suportava mais nem ver máscara de tecido. Ranço traduz. Mas eu tinha um projeto em andamento: meu bordado de reunião on-line. 

Gatos, réstias de sol e reuniões online: outros clássicos da pandemia.

Foi tanta, mas tanta reunião que nos primeiros meses de 2020 eu decidi a cada uma delas trabalhar no bordado de  umas folhas para fazer um bastidor para minha porta com tema outonal. Foi um projeto salvador de sanidade, e por isso eu amo esse trabalho.


Só que enquanto esse bastidor ia se construindo veio se juntar ao caos uma ironia: eu entrei na menopausa,  e não sei se foi isso, não sei se foi tudo, comecei a desenvolver uma dor medonha nos dedos da mão. Eu mal conseguia fechar um botão quem dirá segurar uma agulha, meus dedos ficaram rígidos e meu polegar direito "engatilhou" e perdi boa parte do movimento dessa mão. Eu fiquei profundamente triste, parecia cruel  eu não conseguir mais fazer nada manual, pois eu sabia que era isso que me mantinha minimamente equilibrada naquela tormenta.

 Para minha felicidade eu tenho uma rede de gente muito, muito inteligente ao meu redor, e junto ao tratamento médico, alopático primeiro e homeopático depois, eu iniciei, em fevereiro de 2021 um curso de feltragem molhada por conselho da sábia Nina Veiga, que me disse que talvez a água morna, o sabão de alecrim, a lanolina e os poderes da lã e dos fazeres manuais pudessem me ajudar a me recuperar. Foi possivelmente o momento em que eu percebi mais claramente toda a tal potência das manualidades na minha vida. Foi lindo, foi um alívio!


O dedo ainda com tala, mas já iniciando o processo de cura ao molhar a lã.

 O curso foi ofertado pela Paula, do Instituto Urdume. Eu comprei meu material nessa maravilhosa Santa Meada e foi a terapia de que eu precisava. É um processo zen, delicado, cheio de etapas reconfortantes e criativamente desafiadoras

Só olhar as lãs já é uma experiência.

O curso e a foto da tela do zoom... quem não tem uma pelo menos?

Minha cúpula agora é feltrada!

Olha que efeito lindo.

Agora, minhas mãos estão muito melhores, mas não abandonei mais as lãs. Não faço tanto quanto gostaria porque a feltragem molhada é um rolezão para organizar ( não é o fim do mundo não, mas precisa de um pouco de espaço na mesa e tempo), mas aprendi a amar esse material ainda mais. Estou aprendendo a feltrar com agulhas, meu primeiro projeto está em andameneto, mas é história para um próximo post. Feliz por poder estar aqui contando essa vivência. Feliz por você estar aqui para me ler. E às que não estão ... nosso amor. 

domingo, 8 de janeiro de 2023

Reatando um fio rompido


 "Nada mais comovente que reatar um fio rompido, completar um projeto truncado, reaver uma identidade perdida,  resistir ao terror e lhe sobreviver." Roberto Schwartz, o Fio da Meada


Essa citação sempre me deixa com vontade de chorar, e nos últimos dias ando assim: saudosa de minhas identidades perdidas. 

Comecei este blog sendo mãe de duas adolescentes e um recém-nascido, com a intenção de compartilhar a vida e as aprendizagens artesanais que começavam a fazer parte de mim naqueles anos de 2010. Depois foi tanta coisa... o doutorado, as Bonequeiras sem Fronteiras, o concurso público, a política no Brasil, as novas mídias sociais. E pouco a pouco fui abrindo mão de algumas coisas para dar conta de outras. 

"A cada escolha uma renúncia", dizem e é real. Hoje eu sou mãe de duas adultas e um adolescente de 13 anos, sou professora na UFPR e o artesanato segue sendo meu maior espaço criativo, afetivo, pessoal, - talvez por isso eu o tenha deixado de lado, como deixei tantas coisas que gosto, como escrever sobre a vida.

Então este ano de 2023 começou, e eu senti toda pulsão de retomar um fio rompido bem dentro de mim, e entre outras coisas voltei a ler os blogs antigos e queridos. Nesse mergulho em tempos bons,  me lembrei do "manifesto de ano novo" escrito no começo de 2011 no blog da Holly. Motivada por isso escrevi meu próprio manifesto: 



Nele, não previ retomar o blog, mas hoje me pareceu uma ideia tão boa...ia amadurecer isso um pouco, mas minha amiga Priscila me incentivou a retomarmos hoje mesmo, no susto, nossos blogs interrompidos, e aqui está esta primeira e desajeitada postagem. Não prometo grandes coisas, mas estou me sentindo muito feliz pela chance que me dou de voltar a partilhar num ritmo mais lento meus pensamentos, minhas aprendizagens, as ideias e artefatos que vou urdindo. A quem me lê, obrigada, apareça por aqui, vamos na contramão da correria reaver identidades perdidas.


* As ilustrações são da portuguesa Ana Oliveira, criadas para meu blog em 2010, naquele tempo em que a gente fazia troquinhas, lembram? Mandei coisas artesanais para ela em troca das artes. 


Para o alto e avante!!

  No último post eu contei dos dias difíceis, de decepções, contenções, cortes e fim de ciclos confortáveis. Falei também de espera e resili...