Sobre a invenção do cotidiano em busca de uma vida menos ordinária. Crafts, vida de professora, livros, filhos e tal.
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012
"Minha Singer, Minha História": eu ganhei!
Universo, me belisca...eu ganhei mesmo? A Singer Brasil comemorou 160 anos com um concurso no qual pedia para conhecer "histórias de vida em que a máquina de costura ajudou a bordar os caminhos das pessoas" como bem falou meu amigo Luiz Cláudio Lins. Mandei -nos últimos dez minutos do último dia da última etapa- uma versão mais completa de um texto que eu já havia publicado aqui no blog contando minha vida com Singer...e ganhei! Alegria demais, demais...A Singer me deu uma máquina maravilhosa. Quem me conhece sabe que costuro na Super zig zag da década de 60 que a Betinha me emprestou...então, nem tenho como falar da minha gratidão à sorte, aos meus pais pelo exemplo e à Singer. Gratidão ♥
O texto:
Trabalhar com o coração
Caçula de uma família numerosa, cresci vendo meus pais trabalharem com o coração – e as tripas!- em numerosas atividades: além do emprego formal de meu pai em um almoxarifado de empresa, ele e minha mãe inventavam cotidianamente formas de ampliar a renda, saindo de madrugada numa lambretinha para buscar jornais para o dono de uma banca de revista, fazendo pão caseiro para a vizinhança, lavando copos no estádio do Atlético em dia de jogo... sem dramas, sem traumas, sem achar que era demais. E com leveza no trabalho duro eram passados os dias, os filhos participando de tudo, ajudando, e eu a caçulíssima, pelas bordas assistindo este teatro de fazer e ganhar, de cansar e dormir, de acabar e recomeçar.
Mas de todas as modas inventadas para ganhar um a mais a cada mês, era ao pé da Singer que eu assistia as maiores mágicas acontecerem: cortinas, aventais, vestidos e eventuais guarda-pós em encomendas enormes para alguma “firma” iam se formando diante dos olhos, e gerando aqueles resíduos que são tudo para uma imaginação de criança: pedaços de fio, restos de tecido, botões quebrados. Era, sobretudo, este resto do trabalho que me atraía. Em algumas ocasiões os fiozinhos saiam conosco de casa, pendurados em nossos casacos e cabelos, ou se espalhavam por toda a pequena casa, não obstante o desvelo de minha mãe e sua vassoura, tentando manter a ordem. “Viver deixa fiapos”, dizia meu pai com aquele sotaque nordestino que mesmo depois de 30 anos de migração ao sul ainda persistia. E eu achava graça, sem entender direito a idéia de transformação e movimento inserida nesta frase.
A sociedade de meus pais no grande empreendimento de sobreviver e criar os filhos era de uma sintonia admirável, ele riscava e cortava os moldes, ela montava e costurava as peças. Os filhos embalavam, cortavam os fiozinhos, pregavam botões. Menos eu, sempre poupada a contragosto, pois queria fazer parte da mágica também. – Não, você é muito pequena e além do mais não quero isso para você. Você vai é ser doutora e não terá que passar horas em cima de uma máquina de costura para viver. Então só me restava olhar e sonhar com uma Singer só pra mim...
O empenho resultou em casa própria, uma Brasília 79, todos os filhos criados e crescidos na ética do trabalho. Nenhum de nós precisando passar horas sobre a máquina de costura para viver...mas nem tudo se dá nesta vida pela ordem da necessidade, há ainda a vontade, pura e simples.
Movida simplesmente pela vontade me vi, já adulta tentando aprender a costurar na velha Singer Super-zig-zag que tomei emprestada de uma amiga. Queria aprender pelo prazer de saber fazer, pela vontade de gerar fiapos em minha própria casa e de torná-la um lar de trabalho e calor. Aprendi no ano passado a costurar timidamente: os vieses tortos, as barras irregulares; para que pouco a pouco as peças começassem a ficar bonitas.
Quando na volta de minha licença maternidade perdi um emprego excelente (no qual eu também punha o coração) tomei uma decisão radical: viveria 2010 de maneira econômica usando meu FGTS para poder estar em casa com meu filho, estudaria para finalmente realizar o presságio de meu pai e fazer o doutorado e transformaria o hobby da costura em uma forma alternativa de renda. E assim foi: com leveza, sem dramas, sem achar que era demais reinventei meu cotidiano, passei na seleção do doutorado, costurei com meu bebê ao lado - brincando sobre o quilt que eu fiz para ele, participei com todo orgulho de minha primeira feira de artesanato, tendo como ajudantes minhas duas filhas mais velhas...enfim, me vi naquela música ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais- e posso dizer: ainda bem que sim.
Hoje a Singer me ajuda novamente a encontrar o amor e a humanidade em meio às demandas do mundo: agora nós duas, eu e ela, com a ajuda de mais muitas artesãs conseguimos unir 150 pessoas em uma corrente de amor e costura, fazendo bonecas pelas crianças de Pinheirinho. De novo, trabalhando com o coração. Olha aqui: http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?tl=1&id=1224091&tit=Bonecas-feitas-a-mao-para-criancas-de-ocupacao-de-SP
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Parabéns querida. Super merecido !! Você faz lindos trabalhos e sempre com o coração !! Super bjs , Elo
ResponderExcluirQue legal, Déia!
ResponderExcluirSeu texto me deixou muito comovida ao me fazer lembrar das cenas cotidianas na casa da minha avó. Parabéns pelo prêmio super merecido!
Um beijo,
Andréa.
Não acreditooooo, Déia!!! Parabéns, eu me lembro desse texto -- a parte inicial, sobre os seus pais -- sim, lembro que fiquei suuuuper comovida, tanto pela história em si quanto pelo seu modo de escrever! Prêmio muito muito merecido! Orgulho de ser sua amiga!
ResponderExcluirBeijos,
Helena
Nossa, tinha que ganhar mesmo. Texto lindo, emocionante, encheu meus olhos de lágrimas. Parabéns e continue criando com sua nova Singer. Vc mereceu por acreditar em seu sonho...
ResponderExcluirSuper merecido, menina
ResponderExcluirEu tinha lido seu post na época e ele me emocionou demais.
Parabéns de verdade.
Fiquei super feliz por vc.
Bjus, bjus
Que lindo! Adorei o texto. Você realmente merece!
ResponderExcluirParabéns!!
Parabens!!!!!! Nossa estou super feliz, vc merece ..de verdade! E ver nossa historia escrita dessa forma, tao leve e linda, traz recordacoes maravilhosas e mesmo ja tendo lido esse texto, estou novamente super emocionada.
ResponderExcluirBjos
Swami
Ai que delícia ganhar né?? E você mereceu, parabéns!!
ResponderExcluirBeijos
paula
super merecido, EMOCIONANTE. P-a-r-a-b-e-n-s
ResponderExcluirParabéns! =)
ResponderExcluirSabe que eu nunca acreditei muito nesses concursos...até ler seu texto e ver que sim...realmente ALGUÉM ganha!
ResponderExcluirMais que merecido, sua história é linda e o texto, comovente.
Bj e bom final de semana.
Parabéns pela máquina!!! Pelo que li na sua história, vc merece e vai fazer excelentes trabalhos com ela. Aproveite bastante!
ResponderExcluirBom fim de semana,
Marlene
Flores e Framboesas
Estou muito muito feliz e orgulhosa. É bem como sua filha deixou no recado para vc, quando se faz o bem as coisas vem. Isso aí amiga, deixa a roda girando!!!
ResponderExcluirQue lindo!
ResponderExcluirParabéns pelo prêmio!
Como já disse alguém: orgulho de ser sua amiga, embora virtual!
ResponderExcluirParabéns!
Você é 10 mesmo. Não me canso de repetir.
Bjks.
Nada mais que super merecido , Andréa.
ResponderExcluirVida bonita , texto bonito e...premio merecido.
Parabéns!!!
Bjs
Parabéns. Muito merecido msm, o texto é emocionante! =)
ResponderExcluirParabéns, Andréa! Prêmio mais que merecido... fiquei super emocionada com seu texto! Também tive infância bem parecida, ahhhh... que felicidade que eu sentia cada vez que meus pais entregavam as encomendas caprichadas (minha mãe costureira e meu pai sapateiro), dá um orgulho danado né? Que o UNIVERSO conspire sempre a seu favor!!!
ResponderExcluirBeijos,
Josie.
Josie
Andrea querida, que linda estória e que linda família você teve! Sua estória me emocionou. Agora esta explicado toda essa sua generosidade com o próximo.
ResponderExcluirQue Deus continue a te abençoar. Grande beijo e parabéns!
"com leveza, sem dramas, sem achar que era demais" lindo...
ResponderExcluirQue linda história Deia, me emociona, parabéns pela garra e força que tens para tecer as linhas da vida.Parabéns pela mais nova conquista.
ResponderExcluirBeijocas
Fê
Simplesmente emocionante! Parabéns amiga virtual
ResponderExcluirParabéns amiga você merece e muito mais, beijos.
ResponderExcluirwww.lucimarestreladamanha.blogspot.com
Ai que linda história! Mereceu sim! Muitos parabéns pelavidade luta e de acertos, que seja sempre um exemplo para todas nós!
ResponderExcluirArrasa em 2012 com uma máquina para chamar de tua!!!
Bjooo!!!
Parabéns, emocionante!!!
ResponderExcluirIsto é uma FAMÍLIA, coisa rara hoje em dia! Parabens pela máquina mais que merecida, que Deus lhe abençõe hoje e sempre e a todos em sua família.
ResponderExcluirNós tambem ganhamos um lindo presente: este texto que emociona e nos faz voltar a infância; lindo e emocionante. Em tempos de violência ler um texto como este representa um oáses, ou quem sabe uma carícia que suaviza nosso dia a dia, nos dá alento, e nos mostra que nem tudo está perdido, ainda existe GENTE neste mundo insano.
Parabens pela máquina e pelo texto!
Bjs
Nely
Pra quem faz o bem, ele vem!Amei!!!
ResponderExcluirLinda Linda, a história e a vida! parabéns pela máquina vc mereceu! constancia.
ResponderExcluirLinda sua história, chorei!
ResponderExcluirEu também cresci no pé da máquina de costura, brincado de costurar retalhos e bonequinhas e roupinhas e bichinhos com agulha e linha... Quando casei, minha mãe me deu uma máquina velhinha ("vai que vc precisa fazer uma barra...") e fui brincando de novo e aprendendo a costurar na máquina.
Hoje, com minha máquina novinha sou uma pessoa feliz e espero que minha filha cresça feliz como eu, no meio de paninhos, retalhinhos, linhas, agulhas, botões.....
Parabéns, sua história mereceu vencer!