Como tenho saudades do "Círculo do Livro"! Era uma editora que funcionava como um clube: você era sócio e recebia trimestralmente uma revista com dezenas de títulos, tendo de escolher ao menos um por período. Como éramos uma família enorme, a cada três meses era a vez de dois dos irmãos escolherem, assim poderia demorar uns 9 meses para chegar a nossa vez. Mas valia à pena: foi do Círculo o meu primeiro livro "meu" - "A árvore dos desejos" do Faulkner, escolha generosa da minha irmã Sonja para me presentear quando fiz seis anos. Foi no Círculo que eu e a Cica fizemos nossa coleção macabra do Stephen King; foi do Círculo meu primeiro livro-tabu: "Cristiane F."
Tenho tanta nostalgia que hoje se encontro livros do Círculo em sebos eu os compro. O papel era ótimo, a encadernação era caprichada, mas...verdade seja dita: a arte das capas era de lascar!
Meu querido Faulkner (o melhor romancista do mundo!) deve ter se revirado sob as amadas terras do Mississipi ante a bizarrice da capa de "O som e a fúria"; Virginia Wolf só não se deprimiria com a capa de "Passeio ao Farol" porque já era deprimida; e o frágil coração de Fitzgerald sofreria ao ver os coraçõezinhos derretidos sobre o fundo roxo em "O grande Gatsby" - esta capa, confesso, de tão brega acho até fofinha.